Eu era criança quando assisti a queda do Collor e a morte do Airton Senna. Sofri mais pela perda do Airton, ele era meu herói. Também na infância tive um momento de extrema dificuldade, uma seca terrível assolou minha cidade, no interior do RN. Vi fazerem uso da máquina, no caso SUDAM e SUDENE tendo a desculpa da seca para fazerem investimentos sem tantos tramites, voltamos depois de anos a ter o direito de termos água nas torneiras, diferente daquela que comprávamos e não raro vinha com cor amarela e odor forte, além de pequenos sapos dentro.
Aprendi com as crises a construir soluções ou ver elas, onde muitos apenas veem o problema. Esse meu olhar me conduziu a representação estudantil na época da graduação, e tudo parecia me levar a polítcia, era o que me diziam. Mas quis eu continuar a ver a solução, mudei de estados duas vezes, e hoje trabalho na área que tenho formação.
Ainda que como muitos de minha geração eu mantenha vários hábitos, um deles escrever. Gosto de escrever sobre político. Se no passado a emoção falava mais forte, hoje a razão se mantém presente.
Vejo nesse momento atual do país uma grande oportunidade de ultrapassarmos os limites, deixarmos de ser mais um país e seguirmos rumo a uma nação mais justa e igualitária. Parece loucura? Não, não é e explico:
Muitos países chegaram ao desenvolvimento investindo em métodos e educação. O Brasil tem investido em educação, ainda que sem métodos, o que deixa a qualidade a desejar. Mas esse acesso nos permite avançar sobre o campo das ideias. Dessa forma hoje vemos os escândalos com mais clareza e convicções.
Essas convicções nos levam a tomar uma posição, creio que estejamos nos unindo em uma única linha. Aquele que esquece os partidos e quer ver a política mais limpa e honrada. Nesse momento o que precisamos é esquecer quem está no poder e lembrar da participação de todos.
Oposição e situação estão envolvidos nesse esquema que vem de longa data. Não cabe defesa de imagem ao PT ou PSDB. Temos que nos unir para transpor esse limite que nos bloqueia e chegarmos a uma Reforma Política em que o indício seja crime tanto quanto o condenamento.
Deixamos passar vários políticos sujos e hoje estamos vendo o que isso tem nos tirado. Maluf é um claro exemplo disso, procurado pela Interpol a vários anos, responde a processo de desvio da época em que era prefeito em São Paulo. O Clã Sarney é outro exemplo, dominaram o Maranhão por 50 anos. Deixaram o estado um caos. Dos R$ 220 milhões que tinham disponíveis para reformar ou construir cerca de 120 escolas, deixaram quase 110 sem qualquer obra estruturante. E a ex-governadora desse estado aparece na lista de envolvidos. Se olharmos com uma lupa, veremos que são sempre os mesmos nomes.
Do PSDB vem o Anastasia, mas ele pertence ao mesmo clã dos envolvidos no mensalão mineiro.
Pensando assim, chego a conclusão de que esse não é o maior escândalo do país. É sim de fato a união da impunidade. Se quando houvesse a suspeita tivéssemos tomado a decisão de não mais votarmos nesses nomes, não estaríamos vendo tantos nomes conhecidos e uma única lista.
A história está nos permitindo erradicar esses nomes da política brasileira de uma vez por todas, vamos perder essa oportunidade ou faremos como fizemos com o Collor? Deixando ele em esquecido por oito anos para depois voltar com toda força?
Pelo país, e não por este ou aquele partido, precisamos dizer: basta!
Que tal começarmos o fim do direito político de todos os citados? Pois não adiantará uma reforma política se for para termos o Collor de volta em oito anos, como fizemos e como se tem feito com políticos que perdem seus direitos políticos.
E ai eu me pergunto: seremos hipócritas novamente ou iremos a rua, não pelo impeachment da Dilma mas pela cassação de todos os citados no processo? Punir um e esquecer dos outros não será suficiente, estamos vivendo isso e viveremos de novo a cada dez ou vinte anos se não pusermos um fim agora!